Veja as principais causas e como mudar esse cenário

Viviane Macedo
Em São Paulo
  Independente do porte - grandes, médias e pequenas empresas têm hoje em seus quadros de funcionários um número considerável de profissionais pouco satisfeitos e frustrados com aspectos relacionados ao trabalho. Isso é o que revela uma recente pesquisa realizada pela Weigel Coaching, empresa especializada em comportamento e desenvolvimento de pessoas e equipes corporativas. Segundo a pesquisa, que ouviu cerca de 500 colaboradores de companhias de diferentes portes, 61% dos profissionais estão parcialmente satisfeitos e frustrados ao mesmo tempo.

Jaqueline Weigel, diretora-geral da Weigel Coaching, acredita que o resultado da pesquisa seja reflexo de aspectos importantes. "O modelo de gestão de algumas empresas ainda segue uma fórmula que já funcionou um dia, mas que não funciona mais hoje. Essa gestão de comando e controle não é efetiva", afirma. Segundo ela, outros pontos também precisam ser citados como causas desse resultado. "A distância da liderança e os liderados, a falta de informação clara sobre os objetivos a curto, médio e longo prazo fazem com o que o profissional não se sinta inserido na causa - o que é o grande fator motivacional de muita gente", aponta Jaqueline.

Por outro lado, os profissionais criam a própria frustração a partir do momento em que esperam um resultado para cada ação que têm. "Muitos parecem ter sido desenvolvidos para receber um retorno imediato para tudo o que fazem, e, na prática, isso não funciona", alerta a coach. "Todas as nossas ações levam um tempo para ter um retorno. Então, quando você está construindo alguma coisa para sua carreira, para sua vida, para o seu negócio, a resposta não é instantânea e as pessoas cobram isso num período muito curto", completa. Segundo a especialista, a soma dos aspectos citados leva à frustração.


Valorização e reconhecimento primeiro, salário depois
Outro dado importante revelado pela pesquisa é que 47% dos participantes desejam mais valorização e reconhecimento, 21% querem oportunidade de crescimento, 19% apreciam um ambiente de trabalho agradável. E, para ir contra a linha de pensamento que acredita que salário é o mais importante para um profissional, apenas 7% almejam melhor remuneração e benefícios. Os outros 6% ouvidos na pesquisa gostariam de mais aprendizado.

"O fator remuneração é importante, mas o que as pessoas estão querendo hoje, mais do que dinheiro, é valorização e reconhecimento. Quando eu não faço, eu sou cobrado, e quando eu faço? Quem me reconhece e como?", exemplifica a coach. "O profissional hoje olha para a empresa e quer saber como ele pode crescer nesse negócio. E apenas depois disso, vem a questão da remuneração", analisa Jaqueline.


Empresas em ação
Segundo Leyla Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos - ABRH-Nacional, as empresas já perceberam a importância de proporcionar um ambiente de trabalho melhor. "Muitas organizações já valorizam a qualidade de vida, assuntos relacionados à saúde, grupos de estudos. Se nós olharmos atributos das melhores empresas para trabalhar, vamos ver que estão inseridas questões relacionadas à camaradagem, respeito, equilíbrio, justiça na tomada de decisões", diz Leyla.

Segundo ela, grande parte das companhias já tem preocupações claras em agregar valor à carreira de seus profissionais, pois notaram que isso é fator chave para a motivação, principalmente da nova geração que está no mercado. "Hoje não só as empresas escolhem profissionais, os profissionais também escolhem as empresas em que querem trabalhar, o que é muito importante", aponta.

Diante disso, o desafio das organizações tem sido ainda maior - atrair os melhores, para que eles tenham vontade de estar nessa organização e, além disso, manter esses profissionais. "Reter é ainda mais difícil que atrair, tem que ter o conjunto de valores requerido por eles. O bem-estar no trabalho, a realização são fundamentais e ganham destaque na ação das organizações hoje", garante Leyla.


Você contra a frustração
A responsabilidade de ir contra essa frustração no trabalho não pode ser deixada apenas nas mãos das empresas. Profissionais têm de assumir o papel de tutores da própria carreira e não deixar que ela seja guiada por atitudes de gestores ou organizações. "O profissional precisa entender que quem deve ir atrás de desafios é ele, a empresa é apenas o veiculo, mas ele precisa buscá-los e saber o que realmente o motiva, o que pode deixá-lo satisfeito", alerta Jaqueline.

"As pessoas, às vezes, entram em atividades que não têm muito a ver com sua carreira, com o que tem habilidade e gosta de fazer, isso é um fator decisório para a frustração. Não se formou pra aquela atividade, tinha outra expectativa de vida, claro que não vai se sentir realizado. Então, o planejamento de carreira é fundamental para colocar realização onde poderia existir frustração", finaliza Leyla.

 
Fonte: Emprego Certo 

COMENTÁRIOS