Há duas semanas, Evan Williams e Biz Stone, dois dos três fundadores do Twitter, anunciaram o programa @anywhere. É um tapa na cara do Facebook – e o início de mais uma batalha pelo futuro da internet. A batalha pela identidade na rede.

Nossa identidade.

Eles não deram muita informação. Mas, quando for lançado, @anywhere já estará funcionando em uma penca de grandes sites incluindo o do jornal The New York Times, o da loja virtual Amazon e o blog The Huffington Post.

Basta que se tenha uma conta no Twitter para ver um site parceiro do @anywhere diferentemente. Será possível seguir um jornalista do Times clicando em seu nome. Ou indicar um produto à venda na Amazon via Twitter também por um clique. A descrição de como @anywhere funcionará ainda não está clara.

O que está claro é o detalhe do login via Twitter.

Quem somos nós na internet? Somos, cada vez mais, nossos perfis nas redes sociais. Não para aí. Somos, ora, nossos logins. É só pensar: quantas senhas memorizamos, quantas contas abrimos, quantos webmails, bancos online, lojas eletrônicas, portais?

Um ano e meio atrás, o Facebook pôs na rua seu Facebook Connect. Permite a qualquer blogueiro ou dono de site pequeno oferecer como login para o leitor sua conta na rede social. De dentro do blog, ele terá acesso a ferramentas sofisticadas.

Ganha o blogueiro, que não aporrinha seu leitor com novo login e ainda abre um espaço de projeção no Facebook, já que seu conteúdo pode facilmente ser divulgado por quem estiver logado. Ganha o Facebook, que aprende mais sobre por onde andam seus usuários quando não estão no site.

Este último ponto é importante. Sempre que preenchemos o login do Facebook fora do Facebook, nossos passos são acompanhados. E a informação sobre nosso comportamento online é devidamente armazenada para ser transformada em ferramenta de venda.

O Twitter escolheu bem o momento de lançar o @anywhere. Estavam no palco da South by Southwest (SXSW), o mais importante encontro anual de música, cinema e tecnologia independentes dos EUA. É o coração da contracultura. O centro da vanguarda, em Austin, Texas. Quem explora as novas possibilidades da arte, quem está antenado, vai lá. E foi lá, portanto, que Ev Williams falou de suas novidades.

O que ele não disse é que suas cartas talvez sejam melhores do que as do Facebook. O Twitter pode ser um site muito menor, mas é uma rede social diferente por ser aberta. Não somos amigos de estrelas de Hollywood no Facebook, mas podemos estar conectados a elas no Twitter. Isso vale para escritores, intelectuais, gente interessante e distante. Via Twitter, temos acesso a elas, via Facebook, não.

Com @anywhere, o concorrente do Facebook Connect, a turma do Twitter quer firmar sua plataforma como a melhor forma de distribuir informação na rede. Eles dizem: carregamos nossa identidade de Twitter de um site para o outro porque, em um site e no outro e no terceiro poderemos encontrar gente interessante que queremos continuar seguindo.

E talvez estejam mesmo certos.

Dave Winer, o empresário ranzinza considerado por muitos pai fundador da blogosfera, batizou este momento de a Guerra pela Identidade na rede.

Não faz muito tempo, o Google lançou o Google Buzz, uma tentativa de concorrer com o Twitter usando as contas de Gmail. Ao que parece, não decolou. Existe uma velha iniciativa no ar, razoavelmente popular, chamada OpenID. A conta com a qual nos logamos no Google é um possível concorrente para Facebook Connect e @anywhere. O sitema OpenID, em geral só conhecido por geeks, também.

A corrida começou e tem tudo para se ampliar de forma cada vez mais agressiva. Os olhos piscam e de repente a Apple aposta na conta de sua popular loja de músicas e apps de celular, iTunes.

Quem seremos nós na internet? Qual o login que escolheremos? Nos facilita a memória, nos permite acesso a ferramentas para distribuir a informação que temos. E dá para uma empresa o mapa de nossas caminhadas online. Fonte: Estadão

COMENTÁRIOS