Irvine, Califórnia – Uma onça troy (31 gramas) de ouro vale atualmente cerca de US$ 1.150 no mercado aberto. O peso equivalente da platina está cotado em US$ 1.450. Os preços elevados estimulam a mineração, mas nem de longe cobrem o custo que isso impõe à saúde humana e ao planeta.

Na província de Henan, por exemplo, há milhares de crianças chinesas doentes em decorrência de envenenamento por chumbo. A companhia de Ouro e Chumbo de Yuguang, um dos maiores conglomerados de mineração do mundo, tem uma unidade na região.

Contudo, os altos preços têm incentivado também um grande número de pessoas a extrair metais preciosos de produtos já existentes — expondo a si mesmas e a outros a um perigo enorme. O fato é que o mundo todo desperdiça cerca de 10 onças de ouro e cinco de platina a cada tonelada de telefones celulares que é descartada nos aterros sanitários ou que é incinerada.

Outros metais preciosos extraídos da Terra, como o irídio, o gálio, o paládio, estão sendo descartados de forma muito semelhante ao descarte de outros dejetos eletrônicos. É também o que acontece ao tântalo, elementos fundamental dos capacitores utilizados nos aparelhos de telefone celular. Cerca de 37% do estoque mundial de tântalo vem da África Central, onde a exploração está associada a guerras devastadoras e à poluição ambiental.

Omundo todo desperdiça cerca de 10 onças de ouro e cinco de platina a cada tonelada de telefones celulares que é descartada nos aterros sanitários ou que é incinerada

Alguém poderia dizer que o descarte do lixo eletrônico de alta tecnologia nos aterros sanitários é simplesmente outra forma de devolver esses metais preciosos à terra, onde, em poucos milênios, se fundirão ao subsolo tornando-se minérios como outros quaisquer. Contudo, além dos metais preciosos, o lixo eletrônico contém substâncias químicas de potencial tóxico, como chumbo, mercúrio, cádmio e retardadores de chama bromados. A curto prazo, a utilização de aterros sanitários, covas rasas ou incineradores para o descarte do lixo eletrônico resulta na liberação de produtos químicos nocivos, cujo impacto é negativo para os processos ecológicos, para a vida selvagem e para a saúde humana.

Há mais de uma década, os componentes metálicos preciosos do lixo eletrônico vêm movimentando de forma unilateral o comércio internacional de materiais de elevado potencial de risco, uma vez que os produtos eletrônicos descartados são exportados para países de mão-de-obra barata. Ali, a possibilidade de recuperar uma fração de uma onça de ouro ou de platina leva comunidades inteiras a fazer pouco dos riscos tóxicos e dos efeitos da exposição crônica para a saúde.

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