Muito se fala da importância dos investimentos em educação de qualidade para atender as demandas do crescimento econômico brasileiro.

Governos, instituições de ensino, empresas e sociedade têm sido convocados pelos especialistas a fazer a sua parte para que o País finalmente tenha uma educação de que possa se orgulhar. De todos os atores responsáveis pela educação, muitas empresas têm feito até mais do que a sua parte, e já há algum tempo, ao investir em educação corporativa para qualificar os colaboradores e reter seus talentos. “Se na década de 1990 existiam no Brasil dez universidades corporativas, a estimativa é de que hoje haja entre 400 e 500 delas”, assinala a professora da FIA (Fundação Instituto de Administração) e da FEA/USP Marisa Eboli.

O número é apenas uma estimativa, mas, segundo a professora Marisa, é possível detectar por meio da experiência o crescimento do movimento das empresas em sistemas estruturados de educação corporativa, sejam elas grandes empresas de capital brasileiro ou multinacionais de origem estrangeira, sejam elas pequenas sem estrutura própria, mas unidas em projetos de educação de entidades setoriais. Realizada em 2009 pela FIA e a FEA/USP e coordenada pela professora Marisa, a Pesquisa Nacional Práticas e Resultados da Educação Corporativa, feita com uma amostragem de 54 empresas instaladas no País, também aponta o crescimento dos investimentos na prática.

De acordo com o levantamento, 19% dos entrevistados investem acima de 5% da folha de pagamento em programas de educação corporativa, sendo que a maioria (40%) gasta entre 1% e 3% da folha de pagamento.

Uma das pioneiras em educação corporativa no Brasil é a Sabesp, com sua Universidade Empresarial que foi concebida como uma forma de alavancar os planos estratégicos da companhia por meio da capacitação dos colaboradores de todos os níveis. Como informa a gerente do Departamento de Desenvolvimento e Responsabilidade Socioambiental Elizabeth Ayres Gdikian, os investimentos em capacitação têm aumentado, pois a empresa prioriza as demandas necessárias para atrair e reter uma mão de obra altamente qualificada. “Estão previstos investimentos em capacitação da ordem de R$ 9 milhões. Eles privilegiam os cursos estratégicos presenciais e a distância, voltados principalmente para sustentabilidade, governança corporativa, meio ambiente, responsabilidade social, qualidade, saúde e segurança e às competências essenciais ao negócio”, explica Elizabeth. “Também são destinados à infraestrutura física, tecnológica e digital para melhorar continuamente a qualidade dos programas.” Há quinze an os no Brasil – foi criado na Itália para o desenvolvimento de lideranças da Fiat –, o Isvor é uma empresa do Grupo Fiat, com CNPJ próprio, que atende as demandas de educação de todas as empresas do grupo, além de fornecedores e outras organizações. “No ano passado, detectamos um crescimento das demandas do grupo, por isso só 7% do nosso faturamento veio de empresas do mercado”, informa a superintendente do Isvor

Educação a distância No Grupo Fiat, os programas do Isvor estão voltados tanto para a área comercial quanto para desenvolver competências com o objetivo de dar sustentabilidade à competitividade do negócio das empresas. Os programas podem ser realizados na sede do instituto, em Betim (MG), ou pelo meio virtual. “O virtual não substitui o presencial, mas nos dá a possibilidade de abranger mais pessoas”, diz Marcia. Para a professora Marisa, chama a atenção o pouco uso da educação a distância em um país continental como o Brasil. Segundo a pesquisa de 2009, 70% dos programas ainda são presenciais. Marcia concorda com a constatação, mas acha que o perfil tem mudado. “Eu acredito que daqui a uns anos ninguém mais vai falar em educação a distância; as pessoas vão falar só educação”, projeta a executiva.

Fonte: O Estado de São Paulo

 

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