Então revise os pontos essenciais

Por William Douglas   Se você está lendo este texto, certamente, está interessado em fazer concursos públicos. Qualquer que seja o caso, meus parabéns! Você está em uma das melhores carreiras que existem.

Não é à toa que dez milhões de brasileiros estejam se preparando para fazer concursos. Afinal de contas, estabilidade, boa remuneração, qualidade de vida, status, aposentadoria e tudo o mais que temos no serviço público é um pacote bastante convidativo e tentador. O governo é, de fato, um bom empregador e, não menos importante, a atividade que o servidor desenvolve é muito importante para a sociedade e pode vir a ser muito gratificante.

Existem problemas? Sim, claro, mas não mais do que em qualquer outra carreira a ser escolhida.

Mas não existem candidatos demais? Não.

Quando se aprende o básico sobre concursos, é possível descobrir que o único candidato que concorre com você é: VOCÊ MESMO! Só você pode tirar sua vaga, acredite. Se você não decide lutar, não paga o preço. Se desiste ou não se aperfeiçoa passa a ter um problema. Avançar depende de você e não dos outros, que são apenas um problema aparente, e não real. Aí entra a “teoria da fila”.

O concurso é uma “fila”, como ensina o professor Fábio Gonçalves. Quando você entra no “sistema concursos”, entra em uma fila. Enquanto está estudando, melhorando, está fazendo parte da fila. Se desiste ou se pára, sai da fila; se resolve voltar, entra na fila de novo.

No próximo concurso irão ser aprovados nas melhores colocações e, portanto, chamados, aqueles que estão lá na frente da fila. Ou são os que estão lá há mais tempo ou os que estão estudando com mais qualidade e dedicação. Seja como for, os melhores serão premiados por tudo que vem fazendo e, notícia boa para você que está mais para trás, sairão da fila, abrindo espaço para quem vem avançando.

Portanto, basta entrar na fila e ficar nela. Claro que usando técnicas de organização, planejamento, estudo, uso do cérebro e da memória e de realização de provas, você poderá andar mais rápido. Essa é minha tese, uma matéria da qual, na verdade, fui o criador há alguns anos: otimização de estudo ou, em linguagem menos técnica e mais direta, “como passar em provas e concursos”.

Para chegar lá, passei por várias reprovações, seis no total, e depois de muitas tergiversações, mas ficando na fila, fui aprovado em sete concursos, cinco deles em primeiro lugar. Ser primeiro lugar, quero alertar, não é o mais importante. Mas sim conseguir sua vaga, mesmo que seja a última.
E essa experiência de insucessos e alegrias é o que quero compartilhar com você periodicamente aqui neste espaço, bem como as técnicas que fizeram diferença. Sou muito grato ao UOL pela oportunidade de termos essas conversas.

O concurso não é o único caminho para uma carreira profissional, mas é uma das melhores opções. Se for a sua, seja bem-vindo!

Não importa em que ponto você está: se começando a pensar no assunto ou se já esgotado de tanto estudar e até colecionando várias reprovações. Basta decidir chegar até o final, não desistir e continuar dando seus passos em direção à aprovação.

Boas notícias: milhares de vagas

Sim, a cada ano se aposentam cerca de 300 mil servidores em vagas que precisarão ser preenchidas. Além disso, novas vagas são criadas praticamente todos os meses, tanto para dar conta do aumento da população quanto do crescimento econômico e seu respectivo aumento de demanda por serviços estatais. Todos os meses, servidores migram de um cargo para outro, abrindo novas vagas, ou se aposentam , ou falecem. Falecem deixando pensão, preciso avisar, o que já mostra uma das coisas boas do concurso: a segurança que deixamos para nossa família em caso de falecimento. E, não é ocioso dizer, um dia todos passaremos por isso!

Recentemente, tivemos outra boa notícia da mais alta relevância: o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu que as estatais não podem mais fazer terceirizações. Só na Petrobrás existem cerca de 170.000 terceirizados e eles terão que ser substituídos por meio de concursos. Ou seja, vagas, vagas e mais vagas.

Sendo assim, quem está no “sistema concursos”, não importa por quanto tempo, pode ter a certeza de que não faltam vagas. E lembre-se de que os que se preparam adequadamente e com afinco ainda são a minoria. E a movimentação atual permite que todos encontrem seu espaço mais cedo ou mais tarde, desde que “joguem o jogo” no tempo necessário, com a dedicação necessária.

O que fazer?

Como disse, é preciso dar o próximo passo.

Se você está começando, foque em ler bastante (e uma boa pesquisa por sites já é um bom começo) sobre concursos públicos. Descubra quais são os que mais interessam a você ou aqueles cujas matérias e programas são mais familiares. E tenha em mente que existe o concurso “dos sonhos” e o concurso “escada”. No concurso escada, estudamos e lutamos para uma colocação que esteja mais ao nosso alcance. Depois da aprovação, já com o cargo, o tempo e a remuneração suficientes para tocar a vida, começamos a estudar para o próximo, aquele que mais almejamos e que está em um patamar superior de benefícios.

Ao assumir um cargo em um “concurso escada”, muitos acham que estão indo para um cargo “provisório”, mas acabam se “apaixonando” pelo trabalho e decidem permanecer. Outros se acomodam. E outros não param até alcançar o “cargo dos sonhos”. Algo, no entanto, todas estas pessoas possuem em comum: são servidores públicos, desfrutando das várias prerrogativas e vantagens dos cargos e do poder-dever-prazer de servir ao próximo, ajudando, trabalhando para que o serviço público do país se torne melhor a cada dia. Se todos ajudarem, se cada servidor cuidar bem do seu metro quadrado, seremos surpreendidos pelo êxito nacional.

Os resultados da Policia Federal, da Receita Federal, da Justiça Federal já revelam que os concursos estão funcionando. A União Federal é o órgão que mais tem tradição em concursos sérios e rotineiros. Boas perspectivas estão aparecendo.

Volto a dizer: se você é iniciante, busque estar munido de informações para saber que caminho precisa trilhar na seara dos estudos.

Se você já percorre esta trilha, recomendo fazer uma lista das três ou cinco coisas, internas ou externas (ou seja, defeitos pessoais ou questões situacionais, respectivamente) que mais estão atrapalhando seu rendimento no estudo. Na verdade, quem reprova um candidato ou o faz desisitir, não são as matérias nem as vagas nem anulações e adiamentos de concursos, muito menos o programa de estudo dos editais ou a “concorrência”. O que consegue tirar alguém do sistema de concursos é exatamente essa listinha de problemas pessoais (preguiça, medo, ansiedade, falta de comprometimento, ou de organização etc) ou externos (trabalho, família, lazer, quando mal administrados, falta de dinheiro, distância etc). Contudo, todos esses problemas são perfeitamente solucionáveis ou administráveis, desde que a pessoa seja persistente e/ou busque orientação com os mais experientes.

Os mais experientes podem ser os professores e coordenadores dos cursos preparatórios, mas também podem ser aqueles servidores que você já conhece. Ou mesmo os concurseiros mais antigos que, em geral, se dispõem a ajudar a quem vem chegando. E não são poucos os que ajudam, já que isso é uma característica da “tribo”. Certamente, existem os integrantes tolos, egoístas, mas também tem muita gente que ajuda, orienta, empresta livros, dá dicas, inclusive, sobre bolsas de estudo e descontos existentes nesse mercado. Não bastasse isso, a internet está cheia de dicas, aulas, materiais de estudo, tudo o que o candidato precisa.

Depois de listar as dificuldades que precisa superar, faça a seguinte análise:

- O que eu poderia fazer para resolver isso se eu realmente desejasse o sucesso?

A partir deste ponto, reformule a frase e substitua a interrogação por uma construção assertiva: “o que farei para resolver isso”. Tomada a atitude, vencida a fase do pensamento e da estruturação da frase, é hora de colocar a “mão na massa”. Quem o fizer, terá progresso garantido em direção ao objetivo.

Como disse Einstein, a forma de se fazer a pergunta é mais importante do que a própria resposta. Com a formulação de uma frase estamos programando nossa vida, nossos comportamentos e, portanto, nossos resultados e nosso futuro.

Outra dica:

Para participar do “sistema concursos” e nele permanecer com desempenho otimizado, aconselho uma das melhores técnicas: “bater o martelo” de “caso encerrado” em alguns assuntos pendentes do passado. O que ficou para trás não pode ser modificado, está irremediavelmente perdido nos misteriosos lençóis do tempo. Esquecer os erros (sem esquecer o aprendizado advindos deles), deixar as lamentações para trás, assim como culpas, dores, reclamações e murmurações é uma atitude imprescindível para seguir rumo à vitória em concursos e na vida. Para isso, muitas vezes, é preciso esquecer um amor perdido, a empresa que quebrou, o emprego maravilhoso que não é mais seu, o concurso anulado... O passado não volta e não pode ser o foco de nosso olhar. Nem pode ser opressor, mas apenas um professor.

A guisa de conclusão

Digo “a guisa” porque nossa conversa só vai terminar quando você informar ao UOL e a mim que foi aprovado no concurso dos sonhos. Até lá, até a aprovação no cargo que será apenas passagem e base para voos mais altos, ou até você dizer que já está satisfeito, teremos várias conversas por aqui.

Nas últimas colunas, dei um vislumbre sobre a carreira pública. Hoje, escrevo sobre alguns assuntos que, embora possam parecer secundários, são a base da estrutura emocional e também estratégicos para você construir seu sucesso em provas e concursos públicos.

Decidir melhorar de vida, visualizar um futuro positivo, caminhar nesta direção fazem parte de uma postura inicial que pode levar você longe. Buscar mais conhecimento e informações, listar o que está atrapalhando e começar a levar a sério esse esforço de superação pessoal provocam um efeito extraordinário no seu sistema de estudo. Vai até parecer mágica.

A maior parte das coisas a mudar está ao seu dispor, acredite. Como diz a Programação Neuro-linguística - uma das ferramentas para aumentar o desempenho -, todas as pessoas têm dentro de si todos os recursos necessários para realizar seus sonhos.

“Se você pode sonhar, pode fazer”. Quando o assunto é concurso público, essa máxima é 100% verdadeira.
 

William Douglas é juiz federal, professor universitário, escritor e conferencista.
Foi primeiro colocado em diversas seleções.

  Fonte: UOL / Empregos 

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