Uma criança, recém-chegada da escola, disse à mãe estar ansiosa porque a professora dentro de duas semanas iria escolher os melhores alunos para participar do grupo teatral. A mãe, sabedora da costumeira dedicação da filha, não se preocupou. Passadas duas semanas, a menina chegou à casa exultante.

A mãe logo perguntou:

- Então, você foi uma das escolhidas para participar do grupo teatral?

- Sim, respondeu a menina, sem esconder a alegria.

- E que papel você vai fazer?

- A professora disse que serei uma das personagens mais importantes. Ficarei na plateia para aplaudir meus amigos.

Essa história, que circula pela internet, teria ocorrido nos Estados Unidos e, independente do grau de veracidade que se possa atribuir ao fato, não restam dúvidas de que aplaudir, nesse contexto, vale como boa lição nos mais diversos ambientes e para os mais diversos públicos, especialmente em escolas, times esportivos e - por que não? - nas empresas.

Nas organizações, cabe aos gestores montar e manter equipes. Nessa tarefa, como sempre, há um processo de escolha que não deve ter como parâmetro a simples inclusão dos melhores e descarte dos menos aptos. O bom gestor é, portanto, aquele que consegue enxergar valores onde a maioria não vê.

Mais que isso, sabe atribuir a cada um da equipe o papel que mais se amolda à sua personalidade, às competências e ao modo de agir. É sabido que nem sempre quem é rico em competências tem personalidade que se encaixe na realização de determinadas tarefas. A recíproca é também verdadeira, pois pessoas portadoras de baixo elenco de competências muitas vezes têm personalidade marcante para a realização de mais tarefas.

Sob esse prisma, o melhor gestor é aquele que enxerga o todo, escolhe e hierarquiza os protagonistas e, acima de tudo, ele motiva as pessoas a desempenhar as tarefas com muita determinação e eficácia.

Observa-se, na história, que a escola adota como política de incentivo à motivação aos alunos para que estudem e, com isso, se destaquem no saber e possam exibir qualidades outras no palco de teatro. Mais que isso, porém, tornam o aplauso parte integrante da peça, a ponto de escolher atores coadjuvantes também para essa tarefa.

Vale lembrar que numa conhecida fábrica italiana de automóveis aplicou-se técnica semelhante à da escola para melhorar o desempenho de equipes. Os trabalhadores da montadora foram divididos em grupos, cada um com um líder, e cada grupo deveria realizar determinada tarefa como, por exemplo, colocar bancos nos carros.

O dinheiro equivalente ao trabalho era pago à equipe, que o dividia de maneira proporcional ao desempenho de seus integrantes e à tarefa realizada na base do número de bancos colocados por homem/dia.

Os que menos faltavam ao serviço e se mostravam mais produtivos recebiam salário melhor do que aqueles mais negligentes. Mas cabia ao negligente apontar, no grupo, razões de eficiência e cumprimentar aqueles que mostravam desempenho melhor do que a média. Com isso, os negligentes aprendiam a ver nos outros qualidades que não viam em si. E, ao terem essa percepção, melhoravam.

Assim, nas empresas, muitas vezes quem aplaude é tão ou mais importante do que quem faz. A rigor, é preciso saber entrar no círculo virtuoso onde a equipe recebe mais aplausos quanto melhor for seu desempenho. E, quanto melhor se apresenta, mais aplausos recebe.

Hélio Rangel Terra é formado em ciências contábeis com pós-graduação em Harvard. É presidente da Ricardo Xavier Recursos Humanos. E-mail: helioterra@ricardoxavier.com.br Site: www.ricardoxavier.com.br

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Fonte: Jornal da Tarde - SP

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