Perguntamos a 12 gestores de RH de grandes empresas qual o peso da formação na hora de contratar ou promover um profissional

Ouvimos grandes empresas nacionais e estrangeiras de diferentes setores da economia para saber qual o peso que o MBA e os cursos de extensão universitária têm na hora da contratação e para o desenvolvimento da carreira de um profissional. De maneira geral, o MBA é, sim, um diferencial e os cursos no exterior têm maior importância para companhias globalizadas. As empresas consideram também o conteúdo das escolas brasileiras comparável ao das internacionais. A diferença de verdade está na vivência e no networking que se estabelece quando se está no exterior. Mas atenção: os empregadores dizem que aperfeiçoamento pós-universitário não é tudo. Contam também a experiência prática e as competências pessoais, como a capacidade de liderança e de lidar bem com os conflitos.

Bancos

"Temos sete líderes cursando MBA nas principais escolas dos EUA. São os executivos com alto potencial de desenvolvimento e idade máxima de 32 anos. O banco patrocina 100% dos custos e, apesar de não ser um pré-requisito obrigatório para contratação, damos um valor maior ao executivo que possui pós-graduação. Fiz este ano o primeiro road show do banco no exterior nas melhores escolas de negócios e finanças dos EUA e falamos com cerca de 100 interessados. Mas temos também parceria com todas as grandes escolas no Brasil.”

Os alunos de MBA que o Itaú procura no momento podem vir da China, Brasil, países árabes e outros. 
Adriano Lima, diretor de gestão corporativa de pessoas do Itaú

"É importante que o executivo carregue o seu MBA no bolso, pois o mercado exige pessoas bem formadas e nas melhores escolas. A partir do MBA seu valor começa a aumentar. Se fizer fora do Brasil, ponto adicional para a carreira, pois esse contato com outras culturas faz muita diferença e amplia a percepção do executivo sobre resoluções globais. A pós-graduação é vista como regra básica para todos os executivos. Os MBAs em finanças, desenvolvimento de pessoas e de processo, mercados e marketing estão no nosso foco de interesse.”

Os cursos de pós são 100% custeados pelo banco. Em 2007, 30 executivos estudaram no exterior.
Julio Marques, superintendente executivo de treinamento do Bradesco
  Indústria

"É importante ter MBA a partir da média gerência. Visitamos as universidades do ranking do Financial Times para fazer entrevistas e recrutamentos. Realizamos, uma vez por ano, nos EUA, um evento internacional com gestores para selecionar candidatos com MBA. Para os que já são funcionários, oferecemos duas modalidades de apoio para estudar no país. Já desenvolvemos 40 líderes em turmas fechadas em parceria com a FGV. Também identificamos talentos para os quais podemos dar subsídios de até 80%, para cursos fora da empresa.”

A Johnson fez um evento neste ano para contratar profissionais com MBAs para 300 vagas globais.
Alessandra da Costa, gerente sênior de RH da Johnson & Johnson 

O MBA é um diferencial importante, já que propicia ampliar o conhecimento de práticas atuais de gestão. Mas a formação acadêmica é tão importante quanto a prática. Procuramos jovens talentos com formação acadêmica robusta e, ao mesmo tempo, incentivamos os executivos mais experientes a buscar atualizações. Especializações feitas no exterior são interessantes, mas no Brasil temos diversos cursos de MBA com qualidade. Algumas instituições, inclusive, propiciam a realização de algum módulo no exterior, o que possibilita uma visão intercultural.”

A Alcoa tem subsídios para pós-graduação, especialização e MBA, entre 50% e 90% do valor do curso.
Rose Yonamine, gerente de RH da Alcoa

"O nosso ponto de vista é que quem sai da graduação e não faz especialização, extensão ou MBA parece estar acomodado, pouco preocupado com a carreira. Não é o título que faz a diferença, e sim estar atualizado. O profissional ganha conhecimento, realiza trocas, discute, adquire idéias novas e maturidade profissional. É uma renovação e vale a pena investir. No nosso caso, o MBA não é obrigatório, mas pode ser classificatório. Estamos alinhando um plano de ações para patrocinar a educação continuada de nossos executivos para o próximo ano.”

Em 2009, a Kimberly vai apoiar os cursos de graduação, pós-graduação e MBA dos funcionários.
Maria Lúcia Ginde, diretora de RH da Kimberly
  Alimentos

"O aproveitamento interno é de 80% nas promoções para quem faz MBA. Nossos executivos são avaliados a cada dois anos em suas competências, quando então é possível desenvolver novos planos de carreira a médio e longo prazos. Somos parceiros das principais escolas no Brasil e nos EUA, entre elas FGV, Ibmec São Paulo, Fundação Dom Cabral e Kellogg. O objetivo é focar em gestão de pessoas, em lideranças de projetos e de negócios, mas entendimento na área de finanças é sempre desejável. A Perdigão patrocina 70% dos custos da formação dos executivos.”

A Perdigão não contrata ninguém da gerência sênior para cima que não tenha formação de peso.
Gilberto Orsato, diretor de RH da Perdigão

Varejo

"O primeiro contato de uma empresa com um candidato é a partir de um papel ou arquivo eletrônico. Portanto, ter pós-graduação ou MBA desperta o desejo da empresa em conhecê-lo. Mas não é um fator decisivo de seleção. É a análise do currículo todo que conta. Se um candidato é recém-formado, não se esperará dele que tenha MBA. Já de uma pessoa com grande experiência, é desejável que tenha se atualizado. Mas há outros aspectos que são importantes, como dominar um segundo idioma, ter atitude empreendedora e capacidade de análise.”

O Pão de Açúcar tem 12 executivos com MBA na Wharton e o MBA in company vai formar 30 neste ano.
Claudia Elisa Soares, diretora executiva de RH do Pão de Açúcar
  Construção Civil

"O MBA é importante desde que seja feito em escola reconhecida. Mas conta muito para nós o tempo de experiência da pessoa, a sua base de competências. Avaliamos se todo o seu perfil é adequado. Não costumamos buscar profissionais formados fora do Brasil porque nossa empresa é de origem e capital nacional. É óbvio que pessoas com vivência no exterior têm um diferencial interessante no currículo, mas há boas escolas aqui. Temos hoje um programa de bolsas para custear 50% de MBA feito no Brasil, aberto aos nossos funcionários com pelo menos um ano de casa.”

Quem faz MBA pago pela Cyrela tem um pacto de permanência na empresa por pelo menos um ano.
Celso Alves, gerente de RH da Cyrela

Tecnologia

"Um MBA no currículo demonstra que o candidato está preocupado em se atualizar. Isso conta na hora da seleção. Mas, entre um candidato com três MBAs e pouca experiência prática, e outro sem MBA, porém mais experiente, eu vou preferir o segundo. Acho particularmente interessantes os MBAs nacionais, em que os alunos fazem um módulo no exterior. Dessa forma eles aprendem algo da realidade nacional e têm parte da vivência estrangeira também. Temos programas para patrocinar até 80% dos estudos de nossos funcionários.”

A Siemens custeia até 80% dos cursos de MBA para funcionários indicados pelas lideranças.
Sylmara Requena, diretora de RH da Siemens
  Serviços

MBA já foi um diferencial na hora da seleção. Hoje ele é mais um requisito básico para cargos de gestão em áreas como finanças, produto e marketing. O importante também é que o MBA tenha sido cursado em uma universidade de boa reputação, como a Wharton, por exemplo. Mas temos no Brasil ótimas escolas, que atendem às nossas necessidades na maioria dos casos. A Oi reserva, todos os anos, uma parte do orçamento para subsidiar os estudos de funcionários com alto potencial de desenvolvimento.”

A Oi oferece bolsas de MBA no Brasil que podem chegar a 80% dos custos e MBA in company.
Julio Fonseca, diretor de gente da Oi 

A formatação de cursos customizados entrou na pauta de prioridades da TAM. Dentre eles, o MBA se destaca pelo formato e conteúdo mais adequados às necessidades da empresa. O mercado de aviação no Brasil e no mundo carrega detalhes técnicos e de procedimentos que precisam ser discutidos com mais profundidade. Conseguimos formatar junto ao Ibmec dois módulos que reuniram 70 executivos e trabalham esses assuntos. O resultado foi perceptível no dia-a-dia dos profissionais, tanto que já estamos formatando uma nova turma para o ano que vem. ”

Os líderes que passam pelo MBA da TAM estão no foco de oportunidades criadas pela empresa.
Guilherme Cavalieri, vice-presidente de gestão de pessoas da TAM

O MBA não é eliminatório, mas classificatório. Para os que já são nossos funcionários, temos um processo de seleção e identificação de pessoas aptas para receber bolsas de estudo. Os que recebem a ajuda financeira têm compromisso de continuar conosco pelo menos por mais um ano. As diferenças entre um MBA feito no Brasil e no exterior são a grife das escolas estrangeiras e a exposição internacional, assim como a vivência com a diversidade cultural. Mas no Brasil há a vantagem de que não é preciso interromper o trabalho para realizar o curso.”

A Vivo custeia 60% ou 70% do valor de cursos feitos no Brasil por seus funcionários.
Lilia Vieira, gerente de RH da Vivo
  Fonte: Você S/A  

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