´O Abílio me ensinou que preciso ter mais audácia´, diz Luiza Trajano

Presidente do Magazine Luiza confessa que ficou ´profundamente surpresa´ com a compra das Casas Bahia pelo Grupo Pão de Açúcar, comandado pelo empresário Abílio Diniz

Bianca Pinto Lima, do Economia &, Negócios

  • São PauloLuiza Helena Trajano estava em uma sala de exames quando recebeu a notícia da compra do controle das Casas Bahia pelo Pão de Açúcar, em dezembro de 2009, e confessa ter ficado "profundamente surpresa" com o negócio e com a ousadia de Abílio Diniz, presidente do conselho de administração do grupo varejista, agora o seu maior concorrente. "Ele foi muito mais audacioso do que eu poderia imaginar e do que eu seria. Ele me ensinou que preciso ter mais audácia e estou muito esperta com isso", afirma a presidente do Magazine Luiza, em entrevista ao Economia &, Negócios.

Seis meses antes, o Magazine Luiza, empresa fundada em 1957 em Franca, no interior de São Paulo, já havia perdido a concorrência do Ponto Frio para o grupo de Abílio Diniz, em um agressivo e rápido jogo de negociações. A empresária conta ter ficado uma semana de luto após perder o contrato. "Não foi por incompetência ou falta de dinheiro. O concorrente soube negociar melhor", resume ela.

Apesar dos últimos lances do mercado, Luiza afirma que sua empresa, agora a segunda maior varejista do País, está em ótima fase e planeja expansões. Com faturamento estimado em R$ 3,8 bilhões em 2009, a companhia está presente hoje em sete Estados, com 456 lojas, sendo 56 na Grande São Paulo. Segundo a empresária, o foco do grupo permanece no mercado paulista, no qual entrou apenas em 2008, com a inauguração simultânea de 50 lojas. Ela não exclui, contudo, a possibilidade de investir na região Nordeste, caso surjam oportunidades de aquisição. "Ninguém pode não querer o Nordeste", frisa ela.

Para sobreviver à crise financeira, Luiza diz que teve de colocar o "fluxo de caixa no bolso" e guardar a chave. "Sempre digo nas minhas palestras que rentabilidade não quebra empresas, mas fluxo de caixa quebra em 15 dias. Você precisa tomar muito cuidado com o que tem para pagar e receber", explica.

Questionada sobre a entrada da empresa na Bolsa, assunto especulado pelo mercado há anos, ela afirma que não sofre pressões da família ou dos sócios para abrir o capital da companhia e que a prioridade é manter a sustentabilidade da rede. "O fato de estarmos preparados contabilmente e na governança é bom mesmo sem estarmos na Bolsa. No momento certo, vamos entrar", diz ela, sem precisar uma data e deixando mais uma vez o lance em aberto.

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